fevereiro 23, 2015

Presente

Bowie toca de fundo. Me dizem que preciso viver no presente. Prazer, essa sou eu tentando viver no presente. Mesmo se o presente for uma surpresa desagradável. Encarar o tempo presente é encarar algo no meio do nada, um pequeno objeto a beira de um abismo profundo. Então lembro da frase do Holden, que ele está na beira do precipício, pegando as pessoas, salvando-as de cair. Não, não me sinto assim. Acho que sou uma das pessoas que precisa ser salva do abismo que é a minha própria mente. Dos pensamentos labirínticos, elípticos, que me levam para um fundo de mim mesma que nem conheço. Não é uma profundidade boa, é assustadora. Saia da sua zona de conforto, é lá que a mágica acontece. Estou fora dela há anos e nada mágico me aconteceu. Como sei que estou fora dela? Sinto-me desconfortável boa parte do tempo. É um tiquetaquear na minha cabeça que passa para o coração. Tum tá, tum tá, tum tá... Em alguns momentos tudo dói, em outros tudo passa. Então penso em todos aqueles que não gostam de mim, todos aqueles que, por alguma razão, me odeiam. Penso que fiz algo de errado, porque eu sempre faço alguma coisa errada. Sempre. Penso em todas as entrevistas de emprego que falhei, em todas as vagas que não consegui preencher. Não consigo dissociar todas essas ideias do presente. Porque isso tudo formou o presente do jeito que está. Volte ao presente, volte ao presente.

Bowie continua tocando...

julho 23, 2014

Sobre o nada

As pessoas, colega, as pessoas só querem saber de você quando está bem. Quando está sorrindo.

Assim que as primeiras lágrimas rolam, todos olham assustados, falam para você não surtar e PUF, somem. Como um vapor, puf. Desaparecem.

Sinto que estou perdendo um ideal meu que me era muito querido: a capacidade de confiar nas pessoas.

Não posso mais confiar em ninguém. Namorados dizem que não estão mais atraídos por você. Amigas saem sorrateiramente pela porta de trás. Empregadores não respondem. Nada.

Nada acontece quando você precisa. NADA.

E a vida é isso, esse grande de nada cheirando a merda, com um leve bom ar em cima, pra que achem que ela pode ser legal. Mas é só isso mesmo. Nada.

O bom é que você descobre, finalmente, o que tem no fundo do poço: um buraco negro.

maio 09, 2014

Fim

Comecei a escrever para meu coração se curava mais rápido. Ou se, pelo menos, ele parava de doer. Algo que não aconteceu.

Nesse momento, paro de me comprometer em escrever diariamente. Talvez volte aqui, talvez não. Talvez meu coração aguente, talvez não.

Não adianta ficar repensando uma situação acabada.

Busco a neutralidade. E esses textos não tem me ajudado nisso. Assim como você não me ajudou em nada ao me deixar no buraco. Pegou tudo de bom que tinha em mim e foi embora.

Acho que é só.

Até mais. Adeus. E muito obrigada por nada.

maio 07, 2014

Dias 21 + 22 + 23

Abri a porta e você preferiu não entrar. Errei. Errei. Errei. Sou um poço de erros. E de sentimentos ruins.

Sempre soube que não era pra mim isso de amor. Não sei como me enganei por tanto tempo achando que poderia ser amada por alguém. Que alguém poderia ser tão legal e gentil comigo. Ou me achar sexy. Ou me achar qualquer coisa além do 'amigável' e 'gente boa' superficiais aos quais estou acostumada.

Não sou namorável. Nunca fui. Não sou bonita, falo palavrões demais, estou bem acima do meu peso. Não aceito bem opiniões muito diferentes da minha. Sou pouquíssimo paciente. Nem um pouco equilibrada.

Um mau negócio, cara. Um mau negócio.

Que merda de vida.


maio 04, 2014

Dias 19 + 20

Não consigo te esquecer. A dor está passando, de verdade. Hoje dói menos que ontem. Sua ausência não me incomoda tanto. E acho que será assim até que eu consiga superar. É uma vida ok, sabe? Não é excelente, é apenas OK. Temo que eu aprenda a me contentar com isso: a uma vida na média. Sem amor.

Lembro exatamente onde eu e você estávamos há um ano. Na minha cidade. Deixei que você entrasse nas cidades da minha cabeça, como diz a música do Talking Heads. Deixei que entrasse na minha casa, nas minhas casas. No meu coração.

É com peso enorme que afirmo: ainda te amo. Te amo, droga. Te amo, caralho. Ainda quero e penso em você. Ainda preciso do seu abraço. Ainda preciso escutar a sua voz grave  e calma para tranquilizar o meu dia. É frustrante saber que não terei mais isso. Que não posso ter mais isso.

Sinto um desespero contido. Uma tristeza fria que faz pior do que me aprisionar na sua onda gelada de desânimo, ela me deixa viver. Consigo rir, consigo comer e até, to conseguindo dormir - um sono entrecortado, mas ainda sono. Mas viver não é só isso.

Minha mente divaga e vai até o futuro. Um lugar onde eu estou ok e você encontrou uma outra garota muito melhor do que eu. Acredite, isso é fácil de achar. Uma garota centrada, doce e de quem a sua família ame. Uma garota que nunca será eu.

Sempre tive a noção de que tinha pouco a oferecer. Agora tenho certeza disso.

maio 03, 2014

Dia 18 [atrasado]

We know were we going, but we dont know, where we´ve been.We know what we knowing, but we can't say what we've seen, and we're not little children, and we know what we want, and the future is certain, give us time to work it out

We're on a road to nowhere, come on inside We'll take that ride to nowhere, we'll take that ride Feeling ok this morning, and you know We're on a road to paradise, here we go, here we go

We're on a ride to nowhere, come on inside Taking that ride to nowhere, we'll take that ride Maybe you want me while I'm here, I dont care Even when time isnt on our side I'll take you there, take you there

There's a city in my mind So come on and take the ride And its alright, baby its alright And its very far away, but its going day by day And its alright, baby its alright Would you like to come along? You can help me sing this song And its alright, baby its alright They can tell you what to do Oh god they'll make a fool of you

***
achei que estivéssemos indo para algum lugar. mas estávamos apenas indo para lugar algum.

***
de repente, as cidades da minha cabeça não eram tão atraentes mais.

maio 01, 2014

Dia 17

Toda ação provoca uma reação de igual força e intensidade. 

***
Há um ano, eu não era eu. Você não era você. Éramos outros. Embevecidos, maravilhados com nossos próprios sentimentos. Maravilhados com a ideia de uma companhia. Com as conversas quase-profundas e com os momentos de extrema intimidade. 

Eu não era eu mesma. Não tinha medo, confiava em você. Não estava machucada. Tinha um coração. Parecia a vida de outra pessoa, como falei para você em uma das vezes em que me deixou em casa.

Falei tanta coisa, me expus tanto.Tanto.Em todos os sentidos possíveis que essa expressão possa atingir. Só para ganhar o golpe em troca. Só para receber a rasteira em troca. Para que serviu tudo isso? Todos os beijos. Todas as trocas. Para quê? Para me machucar mais?

***

Você me pediu, chorando, abraçado comigo, para eu não te abandonar. Como isso mudou?

***

A incrível história de um amor que morreu em cinco meses. De um relacionamento que morreu com menos de um ano.

A incrível e nada inédita história. 

Sinto que sou a maior trouxa, ridícula e incapaz do universo.

Muito obrigada, seu idiota.