fevereiro 26, 2008

Terceira pessoa do singular

Eis q ele pensa: eu sou completamente surtado. Não lembrava qual fora a sucessão de idéias, e atos, que levaram-no até tal pensamento; não importava mesmo, até porque, não ia fazer a mínima diferença: já tinha dito tudo mesmo!
Foi uma daquelas brigas que nunca se pensa fora do cinema, e, não, ela não tinha sido roteirizada, mentira, tinha sido roteirizada sim, pelos ações anteriores a tudo. Nenhum grito vem do nada.
Uma convulsão de pensamentos lhe passava pela cabeça enquanto andava, ou.. andava enquanto pensava. Ordem direta, ordem indireta, leis, regras, cronologia.. Enough is enough.
Mesmo assim, a sensação de liberdade era tão mínima, que a primeira (ou seria a última?) idéia não tardava em reaparecer em sua memória. Talvez tivesse sido duro demais, talvez não tivesse que falar tudo que lhe veio na cabeça, talvez não tivesse que ter saído andando e dado as costas à resposta compreensiva.Pior que o ódio era a compreensão. Passividade, culpa e pena.
Tinha que ter feito algo, certo? Tinha! Não podia continuar assim... Não iria. Volataria e pediria desculpas, por tudo que tinha dito, feito, pensado e gritado. Sim, isso era o certo a fazer. Faria isso, depois.Talvez.
Ela, com certeza, o desculparia, ele...não.

fevereiro 05, 2008