outubro 31, 2007

Uma história real

Contarei hoje a história de um Pequeno Príncipe, não, não é aquele do livro, suas aventuras não são tão fanstásticas, nem dignas de virarem livro.
Este Pequeno Príncipe vive em seu reino encantado, reino de sorrisos, de amizades eternas , duradouras, de músicas perfeitamente feitas para ele, e filmes idem.
Ele sempre está certo. E, por que não estaria? Vive em seu reino, manda (mesmo sem falar que está mandando, manda, ás vezes, em completo silêncio), em seus moradores, escolhe o que é bom e o que é ruim.
O Príncipe porém, é cheio de segredos , e estes acabam ditando como ele pode viver, consequentemente, seus segredos ditam como os outros tem que viver.
E, por causa também desse segredo, o pequeno príncipe não tem uma rosa, apenas pessoas a lhe desenhar um carneiro.
Mesmo assim, ele não deixa de mostrar como sua vida é perfeita, e como os outros não o são.
Na verdade, ninguém está a altura de saber dos segredos de vossa alteza. Ele tem uma lista de virtudes para aqueles que poderiam ser os portadores de seus tesouros: aqueles que não erram, não falam, não contestam e não levam nada a sério.
A única coisa que ele não sabe é que está condenado a ser Príncipe (e Pequeno) para sempre, e nunca Rei.Pois aqueles que não conseguem suportar a si mesmos, não aguentam o peso de uma coroa.

outubro 23, 2007

Monalisa's Smile

Se a Monalisa pode ter sido simpática um dia, por que não eu?
As cores parecem se apagar às vezes, e outras parece que elas nem existem, mas, acredite, elas existem, mesmo não tendo nomes.
Quando os sorrisos se dissolvem e os olhares se encontram, as palavras confortam. Os amigos estão presentes sempre, isso porque, o próprio sorriso já é em si um presente.
Os anjos descem à terra now and then, é verdade. Só que, diferente do que pensam, eles não passam quando acontece o silêncio, eles passam quando acontece algum tipo de comunicação.
Temos vários anjos em nossas vidas, aqueles que nos guiam em momentos ruins, aqueles que nos fazem rir em momentos mais ou menos, aqueles que aparecem de braços abertos para nos salvar, aqueles que aparecem um tanto atrasados para nos acompanhar,aqueles que nos empurram para fazer algo, aqueles que rezam para que não façamos nada, aqueles que conversam mesmo com sono, aqueles que sempre cantam nos nossos ouvidos, aqueles que nos dão broncas, aqueles que , no final das contas, tornam a nossa vida mais parecida com o Paraíso.
(ou seria com Higienópolis?!)


outubro 20, 2007

Amor Fatis

E tudo voltava em sua memória, como se tudo estivesse gravado em um filme.Revia as cenas de seus erros repetidamente, e , cada vez eles apareciam de maneira diferente, cada vez mais hediondos.Palavras mal-ditas, atos impensados e lágrimas inexistentes.
Queria poder esquecer de tudo, apagar a História e refazê-la, sem cometer nenhum erro.Ou melhor, era muito trabalhoso refazê-la por inteiro, seria melhor apenas..editar suas memórias (em edição não-linear, a própria lógica que a norteava não era linear!).
Justificativas, desculpas que na hora pareciam verdadeiras, más-intenções, boas intenções, erros, tudo o que tivera feito até então eram erros.Sabia disso, podia ver em sua mente,e no olhar de reprovação-passiva de todos a sua volta.
Não é questão de culpa- pensava- não quero participar de um juri, muito menos de um julgamento. Só depois de segundos analisando melhor, percebia que ela mentia em seus pensamentos, contabilizando assim, mais um erro para sua lista quilometrica.
Desculpas não faziam sentido, nem o fato de se importar com quem discutia fazia sentido.Errava,errava,errava.
E as imagens, doces imagens, que foram antes suas amigas, que foram antes compreensíveis (até certo ponto), passaram a torturá-la.A projeção se tornou mais rápida, acompanhou o movimento de seus olhos. Só falta a Nona de Beethoven, pensou debochadamente.Mas a música não tocou, as imagens eram apenas...figuras,desenhos desanimados a dançar.
Foi assim que ela aprendeu que , embora seus erros fossem perseguí-la ad eternum, era ela a proprietária da memória, era ela a editora, roteirista e co-diretora de sua História; era ela a dona de seu destino e de uma parte do destino dos outros (temeu ao saber que a recíproca era verdadeira, mas essa não era informação nova para ela:sempre fora afetada por aqueles que amava); era ela a torturadora e a torturada.
Os erros permaneceram, não tinham como sumir. As memórias foram deslocadas, recalcadas e transformadas, e, mesmo assim , mostram o pretérito mais que imperfeito. E ela?Ela vive (verbo intransitivo) deixou de apenas sobreviver (verbo transitivo indireto).

outubro 06, 2007

Não-Desaniversário

Eram francesas, alemãs, chineses, italianos (?) e brasileiros; numa noite quase madrugada quase dia; em dois bares diferentes, em muitas mesas,cadeiras e sofás; tomando Müller, chopp, dry martini, bloddy mary, cuba libre, guaraná e água; conversando sobre absolutamente tudo.
Eram ruas e vielas, abraços, tapas , risadas e inserções gramaticais; amigos , rivais , amantes e malucos; era Vila Madalena, Rua Augusta, Avenida Angélica , Cidade Universitária, Rua Consolação e Praça dos Omaguás; estrelas no céu, idéias na cabeça, vozes no coração (porque as faltavam na garganta) e Mc Donalds no estômago.
Eram confissões semi-alcoólicas , brindes por razões além do bem e do mal, tempos de padeiros distraídos ou não, fofocas , discursos e não-discursos; era a libertação moral no meio do asfalto, e em algumas esquinas.
Era o funk de um lado, justin timberlake de outro e punk brasileiro na frente (literalmente); disney no começo da noite, silvio santos no final dela e beavys and buthead o tempo inteiro;declarações mais que sinceras em um horário mais que inadequado; era a sorte dizendo que sim existe e que sim, ela é inesperada.
Parabéns para mim,pelos meus 18 anos e por ter escolhido tão bem, e tão sem querer, os melhores amigos que alguém poderia ter!

[Entre Paris, Stutgart e Xangai,ainda prefiro São Paulo]