julho 23, 2014

Sobre o nada

As pessoas, colega, as pessoas só querem saber de você quando está bem. Quando está sorrindo.

Assim que as primeiras lágrimas rolam, todos olham assustados, falam para você não surtar e PUF, somem. Como um vapor, puf. Desaparecem.

Sinto que estou perdendo um ideal meu que me era muito querido: a capacidade de confiar nas pessoas.

Não posso mais confiar em ninguém. Namorados dizem que não estão mais atraídos por você. Amigas saem sorrateiramente pela porta de trás. Empregadores não respondem. Nada.

Nada acontece quando você precisa. NADA.

E a vida é isso, esse grande de nada cheirando a merda, com um leve bom ar em cima, pra que achem que ela pode ser legal. Mas é só isso mesmo. Nada.

O bom é que você descobre, finalmente, o que tem no fundo do poço: um buraco negro.

maio 09, 2014

Fim

Comecei a escrever para meu coração se curava mais rápido. Ou se, pelo menos, ele parava de doer. Algo que não aconteceu.

Nesse momento, paro de me comprometer em escrever diariamente. Talvez volte aqui, talvez não. Talvez meu coração aguente, talvez não.

Não adianta ficar repensando uma situação acabada.

Busco a neutralidade. E esses textos não tem me ajudado nisso. Assim como você não me ajudou em nada ao me deixar no buraco. Pegou tudo de bom que tinha em mim e foi embora.

Acho que é só.

Até mais. Adeus. E muito obrigada por nada.

maio 07, 2014

Dias 21 + 22 + 23

Abri a porta e você preferiu não entrar. Errei. Errei. Errei. Sou um poço de erros. E de sentimentos ruins.

Sempre soube que não era pra mim isso de amor. Não sei como me enganei por tanto tempo achando que poderia ser amada por alguém. Que alguém poderia ser tão legal e gentil comigo. Ou me achar sexy. Ou me achar qualquer coisa além do 'amigável' e 'gente boa' superficiais aos quais estou acostumada.

Não sou namorável. Nunca fui. Não sou bonita, falo palavrões demais, estou bem acima do meu peso. Não aceito bem opiniões muito diferentes da minha. Sou pouquíssimo paciente. Nem um pouco equilibrada.

Um mau negócio, cara. Um mau negócio.

Que merda de vida.


maio 04, 2014

Dias 19 + 20

Não consigo te esquecer. A dor está passando, de verdade. Hoje dói menos que ontem. Sua ausência não me incomoda tanto. E acho que será assim até que eu consiga superar. É uma vida ok, sabe? Não é excelente, é apenas OK. Temo que eu aprenda a me contentar com isso: a uma vida na média. Sem amor.

Lembro exatamente onde eu e você estávamos há um ano. Na minha cidade. Deixei que você entrasse nas cidades da minha cabeça, como diz a música do Talking Heads. Deixei que entrasse na minha casa, nas minhas casas. No meu coração.

É com peso enorme que afirmo: ainda te amo. Te amo, droga. Te amo, caralho. Ainda quero e penso em você. Ainda preciso do seu abraço. Ainda preciso escutar a sua voz grave  e calma para tranquilizar o meu dia. É frustrante saber que não terei mais isso. Que não posso ter mais isso.

Sinto um desespero contido. Uma tristeza fria que faz pior do que me aprisionar na sua onda gelada de desânimo, ela me deixa viver. Consigo rir, consigo comer e até, to conseguindo dormir - um sono entrecortado, mas ainda sono. Mas viver não é só isso.

Minha mente divaga e vai até o futuro. Um lugar onde eu estou ok e você encontrou uma outra garota muito melhor do que eu. Acredite, isso é fácil de achar. Uma garota centrada, doce e de quem a sua família ame. Uma garota que nunca será eu.

Sempre tive a noção de que tinha pouco a oferecer. Agora tenho certeza disso.

maio 03, 2014

Dia 18 [atrasado]

We know were we going, but we dont know, where we´ve been.We know what we knowing, but we can't say what we've seen, and we're not little children, and we know what we want, and the future is certain, give us time to work it out

We're on a road to nowhere, come on inside We'll take that ride to nowhere, we'll take that ride Feeling ok this morning, and you know We're on a road to paradise, here we go, here we go

We're on a ride to nowhere, come on inside Taking that ride to nowhere, we'll take that ride Maybe you want me while I'm here, I dont care Even when time isnt on our side I'll take you there, take you there

There's a city in my mind So come on and take the ride And its alright, baby its alright And its very far away, but its going day by day And its alright, baby its alright Would you like to come along? You can help me sing this song And its alright, baby its alright They can tell you what to do Oh god they'll make a fool of you

***
achei que estivéssemos indo para algum lugar. mas estávamos apenas indo para lugar algum.

***
de repente, as cidades da minha cabeça não eram tão atraentes mais.

maio 01, 2014

Dia 17

Toda ação provoca uma reação de igual força e intensidade. 

***
Há um ano, eu não era eu. Você não era você. Éramos outros. Embevecidos, maravilhados com nossos próprios sentimentos. Maravilhados com a ideia de uma companhia. Com as conversas quase-profundas e com os momentos de extrema intimidade. 

Eu não era eu mesma. Não tinha medo, confiava em você. Não estava machucada. Tinha um coração. Parecia a vida de outra pessoa, como falei para você em uma das vezes em que me deixou em casa.

Falei tanta coisa, me expus tanto.Tanto.Em todos os sentidos possíveis que essa expressão possa atingir. Só para ganhar o golpe em troca. Só para receber a rasteira em troca. Para que serviu tudo isso? Todos os beijos. Todas as trocas. Para quê? Para me machucar mais?

***

Você me pediu, chorando, abraçado comigo, para eu não te abandonar. Como isso mudou?

***

A incrível história de um amor que morreu em cinco meses. De um relacionamento que morreu com menos de um ano.

A incrível e nada inédita história. 

Sinto que sou a maior trouxa, ridícula e incapaz do universo.

Muito obrigada, seu idiota.

abril 30, 2014

Dia 16

No meio dos mil pensamentos que passam pela minha cabeça, um aparece com força. E é um que eu odeio: pior que está, não fica.

Odeio essa ideia porque, bem, como boa pessimista nunca acredito que você esteja no seu pior. Sempre pode ser pior do que está. E taí algo que me dá medo.

Para mim, pode mesmo ser pior. Meu freela temporário está acabando. Isso significa que, semana que vem, eu já não terei mais um emprego para me distrair. Terei meus pensamentos fixos em você. Na sua pouca vontade de ficar comigo e no seu abandono.

Não sei mais o que fazer. Não sei.

Se pior que está fica, então não quero mais ficar.

abril 29, 2014

Dia 15

Sinto que nunca mais serei feliz na minha vida. Que nunca mais dormirei uma noite inteira. Que nunca mais vou parar de pensar em você.

Um amigo seu falou que eu fiz bem para você. Pois então, você me estragou. Muito obrigada.

abril 28, 2014

Dia 14 [e meio]

Minha cabeça e meu coração têm dois discursos distintos. Enquanto a primeira fala que, tudo bem, que entendeu, que é entendível; o segundo grita, dolorido, que não. Que não está tudo bem e que não compreendeu coisa alguma. Que não compreendeu que você precisa de um tempo, que não entendeu o porquê do nosso relacionamento não ser mais uma prioridade para você.

É complicado alinhar estes dois discursos sem pender para um lado. Minha tendência natural é seguir o racional, mas sei que faço isso por medo de sentir dor. Tenho que encarar o fato simples de que você não quer ficar comigo agora. De que você não pode ficar comigo e não quer ter forças para ficar comigo. De que você não se importa de me perder.

Não quero criar desculpas para o resto. Não quero criar alento para mim mesma. Isso não é saudável. Quero a verdade, doa o quanto ela doer.

Não quer me prender, né? Mas será que me aguenta livre?

Que vontade de encontrar alguma pessoa agora. Que vontade de desfilar do seu lado, de postar fotos, de receber mensagens publicas romanticas. Que vontade de mostrar para você o que perdeu, o que não se importou de perder.

No mais, a vida segue. Segue porque tem que seguir. Só não sei direito como seguir nela.

Dias 11+ 12 + 13 + 14

Então conversamos.

Então nada mudou.

Então ainda dói.

Então você ainda não me quer. Apesar de dizer que gosta de mim. Que me ama. Não "está preparado para voltar". AHAM, SEI.

Seu mentiroso de uma figa. Gostasse de mim, taria comigo ainda, não?

Então ainda vai doer. Para sempre. É isso? É assim?



abril 25, 2014

Dia 10 e 1/4

Sinto que nada vai me curar. Nem ninguém.

Preciso de ajuda.

Preciso que essa dor pare de me enlouquecer.

Preciso me matar. Preciso desaparecer desse mundo. DESAPARECER.

Pluft

abril 24, 2014

Dia 10

Luto todo dia para, simplesmente, sobreviver às horas sem chorar. Sem pensar muito na dor que se instalou de maneira quase permanente no meu peito. Luto para não me render. Mas, aqui, não preciso fazer isso. Aqui, posso me abraçar essa dor que me destrói. 

Não quero ser mais quem eu sou. Quero me vestir de mulherzinha, colocar o salto, alisar o cabelo, colocar uma peruca, mudar de profissão, mudar de corpo. Quero me transformar numa mulher da qual você goste. Com quem você queira ficar. Não quero ser eu. 

Não quero mais ser eu. 

Por que você não me ama? Por que você não me quer? Por quê?

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Meu coração vai morrer. E eu vou continuar vivendo.

abril 23, 2014

Dia 9

Faríamos um ano juntos hoje.
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Nada mais tenho a declarar. A dor me emudeceu.

abril 22, 2014

Dia 8

Aos poucos, tenho conseguido distrair os meus pensamentos. Dou todos os créditos aos meus amigos por isso. TODOS. Sinto como se, no momento, dependesse deles para me manter em pé. Ontem à noite consegui rir e conversar como eu fazia antigamente. Por alguns instantes me encontrei um pouco e saí da nuvem de dor.

Decidi que preciso continuar assim. Não importa o porquê de você não me querer mais. O porquê de você ter deixado de gostar de mim. Não tem que importar. O que importa é que você não quer mais e não posso, simplesmente, viver em função disso. Pode parecer muito papo lua de cristal da minha parte, pode mesmo, mas não é justo comigo eu dar tanta atenção e importância para você. Por mais que você tenha sido importante e por mais que ainda te ame, bem, você não me ama de volta.

Você não me quer de volta. E, nesse mundo todo, deve haver alguém que queira. Tenho que focar nessa pessoa e não em você. Tenho que focar nas muitas pessoas que gostam de mim e não em você ou na sua família, porque, de verdade, eles são a minoria. De todo o universo de pessoas que conheço, vocês são a minoria. Quatro de, no mínimo, 50. Menos de 10%. Ou seja, por que tanto desespero e dor por uma pessoa que não representa nem 5% da minha vida?

Eu não sei o que fiz para não gostarem de mim, para "não me aprovarem"; na real, eu não quero saber. Não matei ninguém, nunca roubei nada, sigo a minha ética, luto pelo que acredito, tenho as minhas opiniões, tento estudar ao máximo, tento ser o meu melhor a cada dia. E te amei muito. Para mim, isso era o mais importante. E ainda é o mais importante: ser quem eu sou. É um pensamento estranho de seguir para mim. É um pensamento de pura autoestima, algo que não me é muito comum. Nunca tive lá muita autoestima, nem muito amor próprio. Mas alguma hora tem que surgir, né? Alguma hora a mesa vira.

No momento, eu te amo menos. Gosto menos de você. Te odeio um pouco, é verdade, mas bem menos do que te odiei semana passada. Começo a pensar nos seus aspectos negativos, antes só pensava nos meus. Só conseguia ver os meus erros, as minhas fraquezas. Talvez você não seja o bastante para mim e não o contrário. Talvez, apenas talvez, eu seja mais do que você pode aguentar. Mais do que pode bancar. Uma pena, uma verdadeira pena.

Talvez, apenas talvez, você que seja a pessoa que perdeu. E não eu.

abril 21, 2014

Dia 7

Uma semana passada. Uma semana de muitas lágrimas, muitas. Não me reconheço no meio dessa tristeza e fraqueza toda. Não consigo me achar, perdida na névoa da dor. Perder você também foi perder uma parte de mim. Diziam que a dor ia passar com o tempo. Nada. Nada até agora. Nada mudou.

Escrevi hoje um email longo para você, mensagem que nunca mandei. Tinham perguntas que nunca serão respondidas, questões que me afligem e tiram a minha cabeça do lugar. É estranho, triste e doloroso pensar que, há dois meses, planejava começar esta semana específica de uma outra forma. Faríamos um ano juntos nessa semana. Bem, não fazemos mais.

Dói não poder te incluir mais nos meus planos imediatos e nem nos meus projetos malucos. Nada de viagens, nada de lugares a conhecer, nada de culinárias de países estranhos, nada de novas músicas, nada de shows, nada de filmes. Nada de restaurantes, bares ou cinemas novos. Nada, nada. Como não previ isso? Se tivesse previsto, tentaria não fazer plano algum (só não sei como).

Vai ser difícil não pensar em você nessa semana específica. Já está sendo difícil não pensar em você normalmente. Como faço para criar um bloqueio que permita minha cabeça não pensar mais em você? Como isso acontece?

Quando será que isso vai passar?



abril 20, 2014

Dia 6

E se nós tivermos apenas uma quota de felicidade para sentir por vida? Apenas uma quota de xx horas de bons sentimentos e FIM. E se eu tiver condenada a nunca mais sorrir de verdade, rir de verdade e apreciar as pequenas belezas de verdade? E se o meu coração quebrado, no lugar de se remendar, continuar batendo sem conseguir mais captar nada de bom. E se meu peito fica oco assim para sempre? A gente vive só uma vez. Mentira. A gente só morre uma vez, viver a gente vive todo dia. E se eu tiver sido condenada a viver uma vida sem amor? Sem paixão? E se nunca mais eu encontrar outros olhos nos quais possa me ver refletida como os seus? E se nunca mais sorrir de maneira simples só ao ver outra pessoa? E se eu me quebrei de um jeito que me tornará alienada ao amor? E se isso tudo durar para sempre? Para todo sempre na minha cabeça. E se a história se repetir? E se nada disso valer mesmo a pena? Porque, sério, se é pra terminar do nada, para que começa? Faríamos um ano essa semana. E cada dia que se aproxima do dia 23 sinto meu coração morrendo um pouco. Me sinto morrendo um pouco. Queria morrer um pouco, só um pouco, só até passar tudo isso. Só até a dor parar. Só até eu conseguir aceitar tudo. Só até eu esquecer você. Queria dar um pause em tudo, tudo. É possível? Não quero mais viver assim. Não aguento mais essa dor. Não aguento. Antes não tivéssemos vivido nada. Preferia não ter vivido nada com você a ter que sofrer assim. Preferia ter fugido. Devia ter fugido enquanto era tempo. Devia ter escutado os meus medos, deveria ter parado. Por que fiz isso? Por quê? Por que deixei você me quebrar? Por que abaixei a cabeça? Por quê? Me arrependo amargamente do dia em que comecei a te amar. Me arrependo a cada segundo. Me arrependo de cada beijo e de cada palavra trocada. Preferia ter ficado sozinha. Quero a minha vida de volta. Quero a minha energia de volta. Quero o meu coração de volta, intacto. Me devolve, por favor. E se ninguém, nunca mais, me quiser? E se eu nunca mais quiser ninguém?

abril 19, 2014

Uma epifania no meio dos dias

Descobri que estou enfrentando o meu maior medo, e não, não é de rejeição como eu pensava, é o medo de sentir dor. Medo do sofrimento. Medo de me machucar. Não é medo de perder na vida, não é medo do futuro, não é medo de não gostarem de mim. É medo de.. me cortar tão fundo que precise fazer pontos - na pele e no meu coração.

 Entendam, nunca usei gesso, fiz cirurgias e afins, isso não acontecia porque, sei lá, não curtia sair na rua, brincar com coisas perigosas, como os meus primos faziam, ou, sei lá, aprender a andar de bicicleta, coisa que não sei fazer até hoje. Nunca fiz nada disso por puro medo de me machucar fisicamente. E isso porque, vejam bem, fui uma criança que frequentou o hospital um tanto: a bronquite me ganhou isso. Não era só o medo de ir no hospital, era medo de ver o meu sangue, medo de ter que passar por uma recuperação dolorosa.

Quando fui crescendo, meu medo externo passou foi para o mundo interno. Não queria sair com os garotos para não passar o que as minhas amigas passavam. Nenhuma das minhas paixonites de adolescência sequer souberam que eu gostava delas, não quis falar, preferia ficar em silêncio. Escondi-me atrás da minha falta de confiança [e das minhas neuras com relação à aparência] e fiquei numa situação razoavelmente confortável. Nada acontecia na minha vida amorosa, mas, pelo menos, nada me atingia, sabe? Era bem seguro. Invejava e invejo até hoje as minhas amigas que se aventuram, elas sim são corajosas, e não eu porque 'respeitei a mim mesma' e perguntei pro meu agora ex-namorado [ai dói] se ele queria ficar comigo por três vezes antes de ter a resposta negativa e chegar, assim, ao término do namoro.

 Entrei na faculdade, me expus um pouco, e esse blog é uma pequena mostra disso. Do quanto doeu para mim me sentir o alvo. Porque era assim que eu me sentia, e me sinto em muitas situações, o alvo a ser atacado. Mesmo assim, voltei para a concha quando deu: o mundo é mesmo muito hostil para alguém sensível. Sim, eu sou sensível, por mais que não queira aparentar ou ser. Sempre fui mais pro mundo teórico, da razão: lá não podiam me pegar. Faz tanto sentido isso que, bem, eu tenho duas tatuagens. SÓ duas e duas pequenas, não porque acho tatuagem discreta mais bonita. Muito pelo contrário. Mas porque tenho medo da dor, medo da agulha na minha pele. Isso me apavora mais do que qualquer tinta permanente na minha pele.

Então vem um cara por quem eu me atraio, beijo ele por já ter perdido uma pessoa de quem gostei muito pela falta de iniciativa e algo mágico começa a acontecer. Começo a ficar com menos medo. Mentira, mentira, a vontade começa a superar o medo. E vou levando a situação. Acho que ele não faz ideia do quanto eu tive que me superar para poder sair com ele, para poder deixar ele gostar de mim. Eu fui começando a me sentir segura com ele. Segura para poder me abrir, para poder sair da casca e dar a cara a tapa. Dei a cara e, BEM, como vocês podem perceber levei a porra do tapa. Tapa não, soco no caralho da cara. Junto de uma rasteira absurda.

Minha terapeuta falou algo interessante e extremamente verdadeiro: essa é a primeira vez que eu me permito sentir algo tão ruim assim. A primeira vez que eu me deixo montar um QG no fundo do poço. Não faço ideia de como sair dessa. Não faço ideia do caminho. E, pior, temo pelas consequências do término. Temo que não vá querer sair da casca, nem me aventurar mais. Temo que o medo fique maior com a cicatriz. Vou lutar com todas as minhas forças para que não.


Dias 4 + 5

Tudo é dor no momento. Tudo são dores e lembranças. As memórias ruins se sobressaem e mesmo as boas se tornam ruins por causa da ausência. Quando isso vai passar? Elaborar o luto que me destrói. Me preparar para momentos que vão me destruir ainda mais. Preciso falar com você. Preciso terminar a situação bem. Preciso ficar bem. E não consigo. Nada me distrai e quando me distrai, dura pouco. É uma dor física assustadora, começa no peito que irradia no resto do corpo. Até sinto cólicas e enjoos. Não tenho vontade de comer, de trabalhar e nem mesmo de dormir. Quando durmo sonho com você, o que torna tudo pior. Os períodos de calma foram menores nesses últimos dois dias. Os de dor foram a maioria. Por que ainda olho para o meu celular a espera de uma mensagem sua? Por que me retraio quando alguém, ou até eu mesma, se refere a você como 'ex'? Por quê? Racionalmente, entendo. Entendo a situação. Entendo que você deixou de gostar de mim e que precisa enfrentar certos pontos da sua vida sozinho. Mas meu coração, destruído, me impede de apreender estes pensamentos. Meu coração rejeitado se sente na sarjeta e faz com que eu pense que nunca mais vou ser feliz novamente. Nunca mais vou ser amada. E mesmo se for, não valerá a pena, porque não será por você. Li uma frase que dizia que o coração apaga as memórias ruins, quanto tempo isso vai demorar? Em quanto tempo terei a sua serenidade ao lembrar de nós dois? Cada dia parece uma eternidade. E a eternidade é um inferno sem você do meu lado. Penso que quero você de volta, depois nego o pensamento.Preciso falar com você. Mas não hoje. Não agora. Preciso ressignificar meus sentimentos antes. Nao quero mais atacar. Ninguém passa por este tipo de dor sem mudar. Não sou mais a mesma, sou pior. Sou mais machucada, mais medrosa e menos esperançosa do que era há algum tempo atrás. Menos confiante e mais arredia.Sou mais triste, menos enérgica e faminta pela vida. Tenho medo e vergonha de ser eu mesma, esse eu que você não quis mais, rejeitou. Esse eu que, de alguma forma, te machucou. Como emendar um coração quebrado?

abril 17, 2014

Dia 3 [e meio]

Primeira noite passada em claro, estranhei ter demorado tanto a acontecer. Não dormi pensando nas noites que nunca mais passaremos juntos. E nas manhãs de domingo que nunca mais serão especiais.

Minhas amigas falam que tem volta. Seus amigos também, mas eles não escutaram o que escutei de  você, eles não viram o seu olhar naquela noite. Eles não escutaram a sua voz falando, sinceramente, que não iria mudar de ideia. E esse pensamento de todos me deixa ansiosa e angustiada. É como se as pessoas achassem que um morto vai voltar a vida, por mais que eu saiba que não vá, é doloroso imaginar o que poderia acontecer se ressurreições fossem reais.

Nosso relacionamento morreu. Preciso colocar isso na minha cabeça. E o que morreu, morreu. Não pode voltar.

É estranho quando o sono não aparece. Estou mais desperta e lúcida que nunca. E a dor voltou de uma forma espetacular. Ela sim conseguiu dormir um pouco durante o dia para me assombrar, acordadíssima, nessa madrugada.

Não sei como vou continuar a minha vida sem você. E, pior, não sei se quero também.




abril 16, 2014

Dia 3

Agora estou bem. Estranhamente bem. Não feliz, mas bem. Calma, tranquila. Fica sem você vai ser difícil? Com certeza, mas acho que consigo. Pensei em te ligar hoje, algumas vezes e não o fiz. E vai ser assim durante muitos dias. Por hoje, consegui resistir. Só por hoje, consegui te desamar um pouco. Consegui te esquecer um pouco. Diminuir o sentimento que tenho por você um pouco. A esperança da gente voltar, de você vir falar comigo ainda existe. Assim como a pequena certeza de que vou sobreviver a isso tudo. Tinha uma vida antes de você e consigo reavê-la. Tento escutar meus sentimentos, mas tenho preferido escutar música mesmo. Muitos já passaram pelo que estou passando, coração-partido, disse um articulista que li hoje, é um problema mundial e irrestrito. A cada minuto um coração é quebrado mundo afora. De certa forma, isso me tranquiliza porque me sinto igual, pela primeira vez. Diria que hoje, estou deixando as músicas me levantarem o astral. Estou me permitindo deixar de pensar um pouco. --- Se não fosse assim, seria de outra forma, não? E com outra pessoa, bem, disso eu já duvido. --- Quando amor e família entram em conflito, a corda arrebenta para o lado mais fraco. Quando o medo é maior que o desejo, a mesma coisa. E, puxa vida, agora quero encontrar é uma pessoa que me banque. Que banque e suporte o peso de gostar de mim. Eu, como sou,e não como querem que eu seja. Eu, essa confusão que sou eu. E se você não bancou, então não era para ser. Que desperdício de coração.

abril 15, 2014

Dia 2 [e meio]

Queria te dizer que sinto sua falta. E que essa é uma das situações mais difíceis que já passei. Queria dizer que limpei quase todos os seus vestígios do meu quarto e acredito que não consigo fazer o mesmo com a minha vida. Você me marcou. Ainda não sei o que aprendi disso tudo, é muito cedo para tal. Quero e não quero falar com você, são dois sentimentos de intensidade igual. Quero, mas temo as suas palavras. Temo que elas me machuquem mais do que já fizeram. Temo ver nos seus olhos o fim do seu sentimento por mim. Uma das coisas que mais amava em você era poder me ver refletida nos seus olhos. Sua íris era o meu melhor espelho. Era. Que duro é flexionar esse verbo no passado. --- Não estou mais tão ansiosa, apenas profundamente triste. Consigo dormir, mas um sono entrecortado. Será que você está bem? Será que ainda pensa em mim? Será que sofre? Será que ainda sente algo? Será que isso é mesmo o fim definitivo? --- Tenho vontade de queimar todas as roupas, objetos e palavras que me lembram você. Como se assim, pudesse te apagar de vez. Apagar esse sentimento ruim de vez. É como se tivesse sugado tudo que eu já senti de bom e como se eu nunca mais pudesse sentir isso na vida. Um dementador. E não tenho magia suficiente para conjurar um Patrono. Mais um dia. Só mais um dia. Preciso me curar de você.

Dia 2

Decidi que vou me entregar ao luto da mesma forma que me entreguei ao relacionamento: de braços abertos e olhos fechados. Vivenciar o sentimento todo. Esvaziá-lo até que ele acabe por completo e me deixe seguir com a minha vida. Tenho noção de que essa é a escolha mais dolorosa e que, provavelmente, vou me arrepender amargamente de tê-la seguido. Mas acho melhor isso do que me estragar reprimindo sensações ruins. E esquecendo que esse processo todo pode me levar para um lugar bom. Lugar que, agora, desconheço - tanto o caminho quanto o objetivo. A busca da ilha desconhecida. Por agora, nenhuma pergunta está respondida e pode ser que algumas delas não tenham respostas mesmo.


Procuro a receita para a aceitação do momento em sites e mais sites. Falam das sete fases da aceitação, como no luto. Mas, assim como no luto, não dizem que essas sete fases acontecem no mesmo dia e que não levam à aceitação imediata, mas mais ao fundo. A dor vem em ciclos, como uma doença. E quando vem, principalmente depois de um 'longo' período, ela parece ser mais intensa. Como se algo estivesse bem quebrado dentro do meu peito, estraçalhado, para falar a verdade. A saudade também aparece. Para quem vou ligar quando algo de feliz acontece? Com quem vou comentar sobre o meu dia? Quem vai se importar comigo daquele jeito? Perguntas e mais perguntas surgem. Outras somem.

Começo a reavaliar todo o relacionamento a partir daquilo que foi dito na última conversa. Começo a questionar se tudo foi mesmo real, ou apenas um delírio apaixonado meu.Começo e termino. Nunca saberei disso. Nunca agora.E agora é o sempre que quero viver, porque encarar o futuro, é encarar um futuro em que ele não estará presente. Não estará ao meu lado, nem na minha frente. 
Será que foi tudo uma mentira bem contada? 




abril 14, 2014

Dia 1

Deletar, contar, chorar. Pensar, analisar e chorar de novo. Abraços e dizeres sinceros de que vai passar. Vai passar, vai passar. Medos afloram, mais choro. Vai passar, vai passar. Dor física no meio do peito. Dói, dói independente da posição do corpo e do que se passa na cabeça. Dói muito, mais do que é possível suportar. 

Um dia de cada vez. Porque vai passar. Vai passar.