julho 27, 2010

Dont touch my moleskine

Acho que parei de contar a quantidade de críticas que escuto. Mentira, não parei, mesmo. Escrevo-as todas em um caderninho, um moleskine cerebral, capa preta, páginas igualmente negras e letras douradas em caixa alta. Todinhas, as ditas, as não ditas, as escritas em olhares reprovadores, em olhares assustados, em atitudes 'protetoras', em silêncios - os silêncios são sempre os mais críticos.

O que faço com elas?

Poderia dizer que as analiso uma a uma e repenso minhas atitudes. Mas seria outra mentira. Eu as mantenho no caderninho que abro quando não preciso. Leio-as quando não necessito; repito-as quando não quero escutar; e memorizo apenas as que não tem quase nenhum significado.

A verdade é que todas essas críticas não mostram o que as pessoas pensam de mim, mas o que eu penso que as pessoas deveriam pensar de mim. Ou, o pior, o que eu penso que eu deveria ser para essas pessoas todas.

E, o pior mesmo de toda essa história, é que eu não cogito na possibilidade de jogar o caderninho fora. As pessoas só existem de verdade para mim quando foram autoras de algumas passagens nele.

Não sei porque insisto em le-lo. Ou em preenche-lo. Talvez isso seja o superego.