agosto 21, 2009

Amor Fatis

O mais estranho de se perder uma pessoa não é a saudade imensa que ela deixa. É a lacuna que ela deixa aberta quando parte. É a falsa sensação de liberdade.

Ninguém é substituível, portanto, aquele local ficará vazio provavelmente para sempre. Vazio não, não no vácuo, cheio de lembranças. Lembranças que por um tempo torturam, depois machucam, depois fazem diferença, depois alegram, dpois são estocadas junto às memórias de todos, depois não são mais lembradas.

No começo, as memórias são tão fortes que chegam a ser corpóreas. Dá para tocar, sentir o que a pessoa era para você. E, em alguns momentos, se você se concentrar e fechar os olhos, sentirá um pouco da presença dela ao seu lado.

A saudade é uma via circular, indo de cima abaixo de nossos sentimentos. Passam pela tristeza, pela raiva, pela alegria, pela felicidade, pelo ostracismo para voltarem para a tristeza e raiva e alegria.

E nesse meio tempo somos obrigados a continuar. Continuar vivendo, continuar sentindo, continuar observando.Forçados a perceber que não se pode parar, não se pode forçar. Há vida depois da desistência. O vazio diminuirá pouco a pouco, assim como outras presenças se tornarão mais importantes.

Transição, movimento, transformação. Nessa brincadeira, aprende-se que a única possível fixidez de nossas vidas reside dentro de nós mesmos.

Os vazios, ou pseudo-vazios, sempre existirão. Pessoas vão o tempo inteiro. Importâncias se deslocam a todo momento. Para nós, a única coisa que existirá será ... a nossa vida.

Tudo passa, e nós ficamos. E passamos da vida de outras pessoas.


Nenhum comentário: