Vou falar a real agora, e nada da verdade codificada como venho escrevendo há tempos. Os códigos podem ser facilmente decifráveis, mas ainda são códigos. Sinto que fui eu o sacrifício de algumas evoluções.
Dói? Para caramba. Rasga. É como se tivessem tirando uma parte de você, uma parte que você conhecia, confiava e se apoiava. Arde? Muito. Como fogo na madeira norueguesa. Traumatiza? Bastante. Cão que morde cobra nunca mais come linguiça. Cicatriza? Com dificuldade. A pele danificada demora a crescer novamente. Mata? Não. Minha vida não está na mão de ninguém , além da minha.
Por momentos, passa pela cabeça uma imensa vontade de chutar o balde, tocar o foda-se e colocar tudo a perder. E chegar e falar :"Hey, por que fui eu a escolhida? Hey, por que exatamente esse sacrifício?" Tem horas, pra falar a verdade, que eu acreditava que nem se tratava de um sacrifício, tratava-se de um alívio para a outra pessoa.
De repente, a dor para. Parou porque não tinha como doer mais. Não tinha mais lugar, não tinha mais intensidade. É quando percebi que a evolução foi minha, e não de todas as outras pessoas. Que o sacrifício foi meu, e não importa as outras pessoas.
É um momento de egoísmo muito importante, porque me fez ver qual o meu lugar no mundo, qual é o meu tamanho perante o espelho. O que sou e quais são os meus limites. Porque aquilo que falei da dor parar porque não tem como doer mais é um limite, um limite só meu, que pode ter sido imposto por uma situação externa, mas eu que estabeleço.
Os motivos, os porquês, as razões e contra-razões, os arrependimentos não valem em nada mais. Nada mais redime ou me faz esquecer a situação que passei. Transmutação e transformação. Não, não é mágoa, ou amargura, ou rancor, é evolução.
Um comentário:
Muitas vezes dói, mas é sempre bom no final.
Muita emoção transmitida por aqui. Parabéns.
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